Arquitectura religiosa, renascentista, maneirista, barroca.
Mosteiro de linhas exteriores sóbrias, denotando uma certa regularidade na
fenestração e organização das fachadas. O claustro, com fonte central datada e
autografada por José Lopes, é renascentista, bem como são alguns portais das
antigas dependências. Os troços pintados com volutas e enrolamentos em alguns
corredores são barrocos. Os azulejos da cozinha, com composições de enchidos,
caça e pesca pendentes são joaninos e os da antiga casa mortuária, com diferentes
hábitos dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho são já neoclássicos, tal como
são os estuques da Sala de Música. Igreja com pórtico renascentista, num
frontispício rococó; a talha dos altares é barroca e insere-se no chamado
"estilo nacional" excepto os altares colaterais, que são
"Joaninos".
Cronologia
Séc. 12 - D. Afonso Ansemondes funda Mosteiro para Clérigos da Regra Santo Agostinho;
1124 -
estando de passagem por Refóios, o Cardeal D. Jacinto, legado
apostólico em Espanha do Papa Calisto II, o fundador cede os seus
direitos sobre o mosteiro aos cónegos regrantes; o 1º prior, Pedro
Mendo, filho do fundador, a quem D. Afonso Henriques fizera mercê do
Condado de Refóios, não tendo descendência, doa o seu condado ao
mosteiro;
1143 / 1144 - início da construção da igreja;
1154 - Bispo de Tuy isenta o mosteiro e suas igrejas anexas, dando direito de visita ao prior do Mosteiro;
1163 - Alexandre III fá-lo imediato à Santa Sé eximindo-o da submissão a qualquer outra diocese;
1564, 26 Julho -
D. Julião de Alva, Bispo de Miranda e comendatário de Refoios dá poder
ao Prior de Santa Cruz para iniciar a reforma do convento, enquanto não
chegasse autorização papal para o incorporar no mosteiro de Coimbra;
estava então muito arruinado;
1571 - data na cornija do claustro;
1567, 12 Agosto - Geral da Congregação de Santa Cruz toma posse do mosteiro, embora a bula papal fosse expelida só em
1572; 1581 - data gravada no contraforte N. da capela-mor assinalando reedificação da igreja e reconstrução do convento;
1582 - deslocação da sepultura de D. Mendo, do adro da igreja para o mosteiro;
séc. 17 - altar-mor da igreja;
1683 - data da fonte do claustro;
séc. 18 - reforma da zona conventual; execução do órgão;
1711 - data gravada no arco para a sacristia;
1769 / 1770 - extinção do mosteiro;
1784 - os frades regressam ao convento;
1802 - decorriam trabalhos destinados a concluir a reedificação do mosteiro, sob projecto do Arquitecto José do Couto;
1807 - pagamento de azulejos adquiridos em Lisboa; a partir desta data as obras foram abandonadas;
1809 - a documentação refere apenas alguns reparos;
1811 - aumenta o número de trabalhadores;
1811 / 1818 - melhoramentos na quinta;
1818 / 1819 - construção da varanda;
1819, 19 Maio -
Dom Bartolomeu de Nossa Senhora, vigário do mosteiro, procurador do
prior prelado do mosteiro e demais cónegos conciliares, ajustaram a obra
das casas do celeiro e outras acomodações, na freguesia de São Martinho
de Crastro com o pedreiro João Alves, morador em Gondoriz, por 500$000,
devendo a obra ser concluída no prazo de um ano;
1834 -
após extinção das Ordens religiosas, a igreja passou a Matriz da
freguesia e vendeu-se a zona conventual e cerca; foi comprado por 48
contos, por José Mendes Ribeiro, sendo depois herdado pelo seu filho,
Tomás Mendes Norton;
1859 - data a meia altura da torre sineira, assinalando reconstrução;
1874 -
abertura de vão para acesso ao claustro; posteriormente, foi adquirido
pelo escultor Aleixo Queirós Ribeiro, casado com Sara Elisabet Stetson
de Queirós Sottomaior de Almeida e Vasconcelos, que, tendo enviuvado,
regressou aos Estados Unidos; por morte da senhora, os seus bens foram
herdados pelo seu sobrinho John B. Stetson Junior e esposa D. Ruby F.
Stetson; por procuração passada a Bernardo Gomes de Amorim, foi o
convento vendido a José Maria Pereira de Castro e esposa Virgínia rebelo
de Carvalho Pereira de Castro em 1938; posteriormente o convento e
propriedades anexas foram herdadas por Margarida de Carvalho Pereira de
Castro, casada com o coronel Alberto Machado, e sua filha Maria José,
casada, com separação de bens, com Jorge Paço de Sousa;
1986, 23 Maio - seus herdeiros venderam o convento à Câmara Municipal de Ponte de Lima, por 70 mil contos;
1986 - data do projecto do Arquito Fernando Távora para adaptação do mosteiro a Escola Superior Agrária;
1987 - a Câmara Municipal doa-o ao Estado para instalação da Escola;
1988 - projecto de arquitectura paisagista para a cerca do mosteiro Ilídio de Araújo e sua posterior execução;
1992, Fevereiro - inauguração oficial da Escola Superior Agrária.